Dizem que “mares calmos não fazem bons marinheiros” e isso, em tempos de crise, tem tudo a ver com o empreendedorismo.
Um bom marinheiro se forma com as dificuldades: mares revoltos, tempestades, vento demais, vento de menos. Da mesma forma, um bom empreendedor é aquele que já passou por diversas crises (internas e externas) e sobreviveu a todas.
E não se trata de sorte. A maioria das empresas que sobrevive a tempos de crise não o fazem porque seu produto é melhor, seu mercado é aquecido, seus clientes são fiéis, etc. Elas sobrevivem por causa da experiência, conhecimento e atitudes dos seus gestores, que buscam se prevenir ou agir para resolvê-las da forma mais rápida e sustentável.
Atualmente, enfrentamos uma crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus, que tem obrigado as pessoas a ficarem em casa, lojas fecharem, e em consequência, freado a economia.
Para superar essa situação, as empresas precisam adotar algumas medidas que garantam a saúde dos colaboradores e da empresa.
No artigo de hoje, falaremos um pouco sobre essas medidas e mais algumas dicas de como empreender em tempos de crise e garantir o funcionamento de sua empresa em períodos assim.
Empreender envolve criatividade, persistência e pensamento estratégico. Com certeza, iniciar um negócio em um momento econômico favorável é bem mais simples, pois, com a economia mais aquecida, os consumidores têm mais liberdade de consumir aquilo que lhes convém, mesmo que não seja por necessidade.
Porém, em um cenário de recessão, as pessoas tendem a cortar os gastos, voltando sua atenção apenas aos produtos e serviços que lhes são necessários. E é nesse momento que, tanto a criatividade, quanto a persistência e o pensamento estratégico de um empreendedor se tornam fundamentais.
Ao iniciar um empreendimento em tempos de crise, é preciso que o empresário tenha em mente que seu produto ou serviço, primeiro de tudo, precisa ser entendido como essencial para os consumidores desse nicho. Os produtos e serviços essenciais, precisam ser adquiridos pelos consumidores, independentemente do contexto econômico vigente.
Outro fator a ser ponderado, é qual a origem da crise econômica e de que forma ela está afetando a vida da população. Essa análise também é fundamental para decidir que tipo de negócio poderá ser útil para os consumidores, dentro desse cenário mais escasso.
Se tomarmos por exemplo a crise originada pela pandemia do novo Coronavírus em 2020, que exigiu distanciamento social e protocolos rígidos de higiene, podemos perceber que negócios voltados à área da saúde, higiene pessoal, bem como produtos e serviços que possam ser consumidos e adquiridos de maneira remota, foram empreendimentos pertinentes a esse tipo de cenário. Ou seja, para se pensar em empreender em tempos de crise, é fundamental analisar todo o contexto social em que ela está acontecendo e então, desenvolver um negócio que apresente algum tipo de solução para os problemas trazidos por ela.
Todavia, por mais que seja possível empreender em tempos de crise, o empreendedor deve ter cautela em relação a alguns pontos e estar preparado para imprevistos.
Embora o consumo nunca pare, em momentos de escassez, ele diminui significativamente.
As crises econômicas tendem a gerar desemprego e, mesmo aqueles que permanecem empregados, passam a cortar os gastos. Dessa forma, podemos entender que as pessoas passam a comprar menos do que nos tempos mais prósperos e, por isso, o empreendedor deve se preparar para vender menos.
Outro ponto a se atentar é em relação aos investimentos. Empreender durante uma crise exige prudência em relação aos gastos com o negócio, pois, uma vez que existe a possibilidade de poucas vendas, o mais seguro é começar um tipo de negócio que demande pouco investimento. Assim, caso tenha problemas futuramente, o prejuízo será menor.
Existem algumas atitudes que gestores devem tomar para evitar o fechamento de suas empresas em momentos de instabilidade econômica.
Se você já tem um negócio, mas está enfrentando uma crise econômica, não se preocupe.
A seguir, trazemos algumas ações fundamentais que devem ser seguidas tanto por aqueles que já têm uma empresa, quanto por aqueles que desejam empreender em tempos de crise:
Mantenha o caixa na sua empresa, o máximo que conseguir, pelo maior tempo que possível. Traga o dinheiro para dentro de casa.
Para isso, é preciso renegociar dívidas, prazos de pagamento com fornecedores, prazos para pagamento de impostos, tudo o que for possível.
Em um momento de crise, as vendas tendem a diminuir para a maioria das empresas, na maior parte dos segmentos. Então, o empreendedor vai precisar de dinheiro para manter os custos da empresa pelo tempo que permanecer sem vender.
Sem caixa, muitos empresários acabam recorrendo a empréstimos para manter sua empresa funcionando. Isso pode resolver o problema imediato, mas aumenta o endividamento da empresa por bastante tempo, e pode se tornar um problema maior a longo prazo.
Você precisa garantir a sobrevivência da sua empresa. A crise vai passar, mas se você não tomar os devidos cuidados, talvez sua empresa não chegue ao final dela.
Se for preciso, adie lançamentos, novas estratégias de venda ou marketing, evite grandes mudanças que possam impactar seus resultados. Invista no que está dando retorno, nas estratégias com melhores resultados.
Foque no que garante o caixa da empresa. Deixe as novidades e mudanças para outros tempos.
Isso serve para todos os momentos, mas especialmente para um momento de crise.
Os times de uma empresa devem estar com a performance otimizada, batalhando junto com o empreendedor para vencerem a crise.
Se preciso, interrompa novas contratações, a não ser que sejam extremamente necessárias. Caso alguém não esteja performando como é esperado, não esteja se integrando na equipe ou dando resultados, e isso esteja atrapalhando o desempenho da equipe, considere a possibilidade de demiti-lo.
Não é uma situação fácil, nem uma decisão agradável, mas às vezes é necessário para garantir um bom desempenho e a sobrevivência de uma empresa.
Talvez seja necessário realizar alguns sacrifícios. Caso sua empresa ofereça algum bônus ou recompensas aos colaboradores, converse com eles sobre a situação e tente negociar o adiamento ou cancelamento desses pagamentos.
A ideia é manter o caixa da empresa, como falamos antes. Em último caso, tente negociar com os colaboradores uma redução parcial e temporária de salários e benefícios.
Seja transparente quanto à situação, converse, negocie. Se precisar do sacrifício de seus funcionários, dê o exemplo: se propor reduzir temporariamente a remuneração deles, reduza a sua também.
Novamente, não é uma atitude agradável, mas pode garantir que a empresa continue em pé depois da crise.
Este é o momento ideal para negociar. Por isso, negocie com fornecedores, representantes, empresas que fornecem softwares ou equipamentos, negocie com todos os setores que puder.
Faça acordo dos prazos para pagamento e de preços com os fornecedores (principalmente os mais importantes). Negocie as licenças dos softwares que usa e aproveite para avaliar se pode dispensar ou substituir por algum mais barato, caso não haja multas.
Tente reduzir valores e estender os prazos. Assim, consegue manter caixa por mais tempo na sua empresa.
Demonstre que tem a intenção de honrar os contratos, mas que precisa negociar novos termos. Evite romper contratos, a não ser que seja absolutamente necessário. Mas procure não prejudicar sua empresa nem a dos outros, que, afinal, também estão em meio à crise.
Invista nas ações e canais que dão retorno. Não experimente estratégias novas que você não conhece o resultado. Não tente entrar em um novo canal, mudar a abordagem, experimentar novas campanhas, não gaste dinheiro com testes de anúncios.
Mantenha aquelas estratégias que estão tendo um bom ROI. Invista mais nessas ações, reduza (ou corte) o orçamento das demais ações e foque naquelas que estão gerando receita.
Apesar de uma crise ser o momento para reduzir custos, caso as campanhas de marketing estejam dando retorno, não as cancele. Mantenha o que está gerando caixa para sua empresa, corte o que não dá retorno.
Para garantir o retorno das suas ações, monitore constantemente seus anúncios. Veja o que é necessário para voltar a ter um bom ROI, caso ele caia. Faça as alterações necessárias, e continue investindo enquanto a campanha der retorno.
Foque em produtos que te dão lucro.
Talvez você tenha algum produto que te dê prejuízo na venda, mas que é um bom atrativo, e costuma trazer clientes que acabam comprando mais coisas em seu site.
Essa é uma boa estratégia para atrair clientes a longo prazo, mas em um momento de crise pode representar o fim do caixa da sua empresa.
Deixe esses produtos de lado, foque em vender aqueles que vão gerar caixa. Faça remarketing, anuncie seu produto principal, mas procure vender o que vai gerar lucro.
Otimizar o seu capital de giro é uma obrigação, não apenas em tempos de crise, mas especialmente nesses momentos.
Controle seus custos, suas entradas, suas saídas, suas movimentações. Controlando seu capital de giro, você tem mais chances de sobreviver à crise de forma sustentável, sem entrar em dívidas e sem prejuízo.
Liderança é essencial para todo empreendedor.
A sua atitude vai influenciar diretamente as atitudes e o desempenho das equipes. Se você encarar a situação com tristeza, desolação e derrotismo, sua equipe fará o mesmo. Com uma equipe e um líder desmotivados, sua empresa tem bem mais chances de quebrar.
Você não precisa fingir que está tudo bem, mas deve agir entusiasticamente para reverter a situação. Lute, planeje, organize, trabalhe, tranquilize a equipe, seja transparente, faça sacrifícios, negocie, LIDERE.
Se você acreditar e se empenhar para vencer a situação, a motivação da sua equipe será outra, e vocês terão mais chances de sobreviver à crise.
Àqueles que desejam empreender em tempos de crise, existem algumas alternativas interessantes. Dentre elas, certamente, está o e-commerce.
Empreender pela internet é uma boa opção para tempos de instabilidade, pois demanda pouco investimento inicial e você pode começar sozinho. Além disso, com a crise gerada pela pandemia do novo Coronavírus, o setor aqueceu muito e tem ganhado a confiança e preferência dos consumidores brasileiros.
A seguir, trazemos algumas formas de e-commerce para empreender em tempos de crise.
A loja virtual trata-se de um site criado exclusivamente para a venda de produtos pela internet. Para investir em uma loja virtual, o empreendedor deve: escolher quais produtos irá vender, criar sua marca, contratar uma plataforma de loja virtual, anunciar seus produtos, escolher as formas de pagamento que poderá oferecer, bem como os serviços de frete e logística para que seus produtos cheguem corretamente à casa dos clientes.
Para que sua loja virtual renda frutos em tempos de crise, é preciso dispor de produtos de qualidade, ofertas competitivas, esforços em marketing digital e, claro, uma boa plataforma virtual para abrigar sua loja. Essa plataforma deve oferecer uma boa navegabilidade e ferramentas de gestão de negócios.
Vender em um marketplace pode ser considerada uma experiência próxima à de uma loja virtual, porém, nesse modelo, o empreendedor venderá seus produtos através de um site próprio para isso, sem a necessidade de montar o seu.
A vantagem de vender em um marketplace, é que você estará inserido em um ambiente digital com um alto índice de tráfego de usuários, o que pode ajudar bastante na divulgação de seus produtos. Além disso, no marketplace, as formas de pagamento são dispostas e negociadas diretamente entre a marca mãe e o cliente, portanto, cabe ao lojista apenas organizar a entrega.
A desvantagem, porém, é que nesse modelo existe concorrência direta entre lojistas, e o empreendedor não tem a possibilidade de trabalhar a identidade visual e a gestão de sua marca, uma vez que todo o ambiente é moldado em torno da marca mãe.
Trabalhar como afiliado de alguma marca também é uma boa opção para empreender em tempos de crise. Nesse formato, o empreendedor não precisa se preocupar em criar uma marca própria ou procurar por fornecedores, pois ele vende os produtos de outras marcas e recebe comissões em cima das vendas efetuadas.
Os esforços, nesse caso, devem ser todos voltados para a divulgação dos produtos, anúncios, ofertas e negociação com os clientes. Os detalhes de pagamento e entrega, ficam a cargo da marca responsável. É um modelo de negócios indicado àqueles que não desejam fazer investimentos para começar a vender pela internet.
Os empreendedores que já têm sua loja física, também podem ingressar no ambiente digital, migrando seu negócio.
Para as situações onde o negócio físico passou a ser afetado pela crise econômica, ou até mesmo, como forma de expansão, iniciar uma operação de vendas pela internet se apresenta como uma forma de salvar uma empresa. Isso porque, o e-commerce demanda menos estrutura e, por consequência, menos gastos para o empreendedor.
Uma vez que a operação se dá toda online, gastos como aluguel, água, luz e internet de um ponto comercial, podem ser substituídos por processos que podem ser feitos através de sua própria casa.
Além disso, com o fechamento de vários ambientes comerciais, a internet passou a ser o local de busca e aquisição de produtos por parte dos consumidores.
Esperamos que essas informações tenham ajudado os empreendedores a perceberem que é possível manter ou, até mesmo, iniciar um empreendimento em períodos de crise. Continue em nosso blog para mais dicas de gestão e vendas!
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Marcio Eugênio é especialista em e-commerce, com mais de 13 anos de experiência na área, e sócio-fundador de três empresas focadas em e-commerce. É colunista em diversos portais relacionados a comércio virtual, administração e empreendedorismo, além de contar com vasta experiência em comércio eletrônico. Foi eleito em 2016 como o melhor profissional de e-commerce pela Abcomm, através de votação popular, e é apresentador do maior canal focado em e-commerce do Youtube no Brasil. O Projeto mais recente de Loja virtual é a https://www.monnieri.com.br/ que saiu do zero a um milhão de reais de faturamento em menos de dois anos.
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